quinta-feira, 9 de abril de 2009

IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO CONVERSA COM A EQUIPE DO EDUCATIVA NAS LETRAS

“Me pediram para falar sobre a memória, mas eu vou falar do que eu quiser! Meu tema é a irracionalidade.” Nesse tom de irreverência e muito bom humor, o escritor Ignácio de Loyola Brandão abriu sua conferência no SESC de Piracicaba, no último sábado, dia 4 de abril. Divulgando seu mais recente livro, “O Menino que Vendia Palavras” – prêmio Jabuti de 2008, como melhor livro de ficção do ano – Loyola desfiou em público um verdadeiro novelo de deliciosas estórias – ficcionadas ou não – sobre sua infância e sua formação como escritor. Em grande fase, Loyola – aos 72 anos de idade – esbanjou em sua fala a sagacidade e o olhar atento e crítico que tão bem caracterizam sua produção literária. Rápido no raciocínio e sensível às reações do grande público que o assistia, o escritor não economizou na brincadeira, satirizando aqueles que – por algum motivo inesperado – inadvertidamente se levantavam ou faziam menção de ir embora: “já vai indo?” – alfinetava jocosamente Loyola.
Reconhecidamente um grande frasista, Ignácio de Loyola, ao comentar sobre o fazer literário, também lançou ao público algumas de suas pérolas, como: “reescrever é uma maneira de aprender a escrever,” “quando leio uma autobiografia, fico altamente desconfiado,” “a inspiração é algo que está acontecendo ao seu lado e que você transforma em literatura,” e ainda “a inspiração, como diria Luís Fernando Veríssimo, é o prazo que o escritor tem para entregar a crônica à redação do jornal para o qual trabalha.”
Dizendo-se comovido por poder ter voltado a Piracicaba - cidade que visitara há 20 anos, quando ministrou um curso de literatura a partir do qual nasceu o GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba) -, Inácio de Loyola Brandão encontrou-se também com as 16 senhoras que participaram da Oficina Lambe Lambe Contemporâneo (experiência cênica-poético-corporal concebida pela fotógrafa Tika Tiritilli e pela atriz Mônica Sucupira, em 2007, e desenvolvida inicialmente no SESC Consolação, em São Paulo), a qual culminou no belo trabalho fotográfico intitulado “Retrato Delas com Suas Fotos.” Ao final de sua conferência (ou seria melhor dizer, “de seu agradável bate-papo”), Loyola foi homenageado por essas mulheres – para quem o escritor havia produzido uma crônica, publicada no Caderno 2 do jornal "O Estado de São Paulo" (7/11/2008, p. D14).
Loyola também registrou a presença do ex-jogador “Peixinho,” seu amigo e conterrâneo –“inventor” do que hoje se chama “gol de peixinho” e o primeiro jogador a marcar um gol no estádio do Morumbi. “Na época, prometeram um carro ao primeiro que marcasse um gol no Morumbi. O Peixinho fez esse gol, mas está esperando o carro até hoje” – disse Loyola. “Eu nunca joguei futebol na vida. Mas adoraria marcar um gol diante de um estádio monumental cheio”, completou o escritor em sua breve homenagem a Peixinho.
Sobre seus próximos trabalhos, Ignácio de Loyola disse estar trabalhando na biografia de Ruth Cardoso (mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falecida há pouco tempo). E, em primeira mão, revelou também que pretende dar continuidade à série infantil iniciada com o premiado “O menino que Vendia Palavras.”

Antes de iniciar sua conferência, Ignácio de Loyola Brandão deu entrevista exclusiva à equipe do Educativa nas Letras e à Gazeta de Piracicaba. O Educativa nas Letras também conversou com a fotógrafa Tika Tiritilli e com a atriz Mônica Sucupira, responsáveis pelo trabalho “Retrato delas com suas fotos.” Essas entrevistas vocês poderão ouvir num programa especial que o Educativa nas Letras apresentará sobre a obra de Loyola Brandão – e que irá ao ar no mês de maio. A exposição “Retrato delas com suas fotos” vocês podem (e devem!) conferir no SESC de Piracicaba, até o fim do mês de abril. Não percam!
Parabéns ao pessoal do SESC de Piracicaba por mais esse belo evento - e o nosso muito obrigado ao Adriano, que recebeu a equipe do Educativa de maneira bastante cordial.
Abaixo, postamos uma crônica em homenagem a esse mestre da literatura brasileira chamado Ignácio de Loyola Brandão.

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