quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Amoz Oz - literatura sem vampirismos!

Em tempo de infestações de livros como Crepúsculo e Lua Nova, à qual as grandes editoras submentem nossos leitores juvenis, sempre é bom recordar que, mesmo não sendo tão mercadológicos como os vampirescos romances citados (nos quais, pasmem, vampiros usam carros de último tipo para se locomover, jantam em requintados restaurantes e bebem sangue conseguido em hospitais ultramodernos), ainda existem obras de qualidade destinadas ao público infanto-juvenil.

Longe da mídia e da indústria cultural que ajuda a emburrecer nossos leitores, podemos encontrar verdadeiras preciosidades literárias que, infelizmente, descansam - renegadas - em empoeiradas estantes das muitas vezes pouco estimulantes bibliotecas escolares ou dentro de esquecidas caixas de papelão de livrarias megastores. Dentre essas preciosidades, destacamos aqui os livros Pantera no Porão e Sumri, do magistral escritor israelense Amoz OZ.

Pantera no Porão, obra marcadamente autobiográfica, conduz o leitor à Jerusalém de 1947, às vésperas do fim da ocupação britânica e da criação do Estado de Israel. O protagonista é um garoto judeu de doze anos, filho de imigrantes poloneses, chamado de Prófi (que é o diminutivo de "professor"). Narrado retrospectivamente pelo protagonista já adulto, "Pantera no Porão" não apenas reconstitui a vida cotidiana em Jerusalém num momento crucial da história de Israel, como também capta o delicado e inefável momento da passagem da infância à idade adulta, no qual a fronteira entre a fantasia e a realidade ainda não está totalmente delineada. Leve, envolvente e bem-humorado, o livro de Amós Oz põe em discussão conceitos como traição e lealdade, e exalta a compreensão humana acima dos conflitos étnicos, nacionais e religiosos.

Já em Sumri, o leitor conhecerá a história de um menino aventureiro e sonhador que mais uma vez protagoniza a trama. Dessa vez, o garoto tem um plano secreto: de fugir de casa e sair de sua cidade natal, a histórica Jerusalém do início do século passado, ainda sob o domínio britânico. Ele quer descobrir "o que há por aí, espalhado pelo mundo," e tenta abandonar de uma vez por todas as aflições cotidianas da realidade que o cerca.

E para quem gosta de livros que dão origem a filmes, vale dizer que Pantera no Porão também foi "trasnportado" para o cinema, no filme O Pequeno Traidor - lançado em 2007.

Achou interessante? Pois deixe de vampirismos americanos e mergulhe numa história apaixonante e de grande beleza literária! Agora, se você é mesmo apaixonado/apaixonada por vampiros, então vá ler Drácula, de Bram Stoker! Oras!


Faço o favor!

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